Dry Traces, Radhika Khimji

Dry traces

Radhika Khimji, 2009

 

Daniel Barroca’s varied practice is based on an archive of found images. The artist collects photographs from various sources to reuse them to make films, books, slides and sculptures. Barroca’s method of reworking intentionally ruptures the images away from their found places. These historic documents are not reshaped into a complete comprehensive narrative, instead the images are treated, censored, made double and split. By fragmenting a fragment from his archive, Barroca makes the found past present by drawing over it. There is an interchange between the historic archive and the artist’s personal landscape, which is meshed together to produce a fragmented image relating always to the moment of its making.

Barroca’s drawings enact a similar search for a disembodied space. A search over an overlapping surface which separates and has a sequential rhythm of its own. The notebook format allows for this seeking, which is fragmented through its own production. By turning pages, a drawing made of charcoal smudges a little and impresses its corresponding page with its image. This doubling adds to the image in these drawings where solid shapes cross the middle of a page. These traces and outlines, map out a spatial trajectory manifested through their own process. The subject is emptied and dried out of the work, so that one is left with a skin; a surface made active by marks made of ink, pencil and charcoal and some pigment. The ink dries out on the surface of the paper leaving behind a brittle surface. A dry fragmented process that animates itself on a page.

These drawings describe spaces, places and beings that cannot be named.   They are fragments from lost histories which now exist as gestures and marks made to reside on the edge of description and resemblance. The work is a collection of mapped out spaces which do not “recompose the past with presents.”[1] but are caught in a state of becoming.

 

[1]Deleuze, Gilles, Bergsonism, trans. Tomlinson, Hugh and Habberjam, Barbara, New York, Zone Books, 1991, pp. 57-58

 

 

 

Dry Traces

Radhika Khimji, 2009

 

A prática artística de Daniel Barroca baseia-se num arquivo de imagens encontradas. O artista colecciona fotografias de várias proveniências que reutiliza para fazer filmes, livros, slides e esculturas. O seu método de retrabalhar as imagens rompe intencionalmente a ligação que estas à partida têm com o seu lugar de origem. O aspecto destes documentos históricos não é refeito no sentido de uma completa compreensão narrativa, no lugar disso, as imagens são tratadas, censuradas, duplicadas e cortadas. Ao fragmentar um fragmento do seu arquivo, desenhando sobre ele, Barroca, faz do passado encontrado presente. Existe um cruzamento entre o arquivo histórico e a paisagem pessoal do artista, esta mistura produz uma imagem fragmentada que remete sempre para o seu fazer.

De um modo semelhante, estes desenhos de Barroca, constituem a procura de um espaço desincorporado. Uma procura sobre uma superfície que separa e se sobrepõe a outra compondo um ritmo sequencial próprio. O formato do livro de apontamentos permite esta busca que é fragmentada através da sua própria produção. Ao passar as páginas, um desenho feito de carvão borra ligeiramente e impressiona a página oposta com a sua imagem. Esta duplicação adiciona-se às imagens desenhadas nas quais formas sólidas atravessam o centro das páginas. Estes rastos e estes contornos, mapeiam uma trajectória espacial que se manifesta através do seu próprio processo. O objecto é esvaziado e seco durante o processo de trabalho de modo a ser-lhe deixada apenas uma pele; uma superfície activada por marcas de tinta, lápis, carvão e algum pigmento. Ao secar sobre o papel a tinta deixa para atrás uma superfície britada. Um processo a seco e fragmentário que se anima a si próprio sobre uma página.

Estes desenhos descrevem espaços, lugares e seres que não podem ser nomeados. São fragmentos de histórias perdidas que agora existem enquanto gestos e marcas feitas para residirem no limite da descrição e da semelhança. O trabalho é uma colecção de espaços mapeados que não “recompõem o passado com presentes.”[2] mas que são apanhados num estado de devir.

 

[2] Deleuze, Gilles, Bergsonism, trans. Tomlinson, Hugh and Habberjam, Barbara, New York, Zone Books, 1991, pp. 57-58